A NÃO-DIETA dos franceses

O "paradoxo francês" já não é novidade há muito tempo, e é uma expressão utilizada para se referir ao paradoxo existente entre a alimentação dos franceses e a sua saúde. Samuel Black, um médico irlandês reparou, nos idos de 1819, que os franceses apesar de consumirem muitas gorduras saturadas sofriam menos de aterosclerose coronária e eram muito menos obesos que seus vizinhos europeus. A expressão "paradoxo francês" apareceu pela primeira vez através da voz de Serge Renaud, um cientista da Universidade de Bordeaux, na França em 1992.

Muito já se especulou a respeito disso, e vira e mexe um novo dado parece explicar as razões desse aparente paradoxo - ora é o resveratrol do vinho, ora é mesmo o álcool do vinho, pode ser apenas o vinho francês, o azeite, a gordura proveniente do leite, as crudités que os franceses adoram, a geografia do lugar, o estilo de vida... enfim... quem vai saber? Talvez tudo isso junto!

O neurofisiologista Will Clower, durante uma estadia de dois anos em Lyon, na França, experimentou o modo de vida dos franceses, tirou suas próprias conclusões e publicou tudo em livros sobre o assunto.

Descobri que os franceses violam todas as regras alimentares que estipulamos para nós. E, apesar de seus cremes, queijos, manteigas e pães, a taxa de obesidade na França é de apenas 11,3% da população, segundo pesquisa realizada em 2005.

Segundo o médico, estamos inundados de alimentos artificiais - açúcares sintéticos, gorduras sintéticas e produtos alimentícios artificiais. Falta-nos reaprender o que é comida de verdade, já que é a ingestão dela que proporciona ao corpo a nutrição na forma de que ele necessita. Clower afirma que em vez de estimular a ingestão de novas substâncias químicas para enganar o organismo, o programa mostra porque alimentos de verdade funcionam em favor do corpo.

Temos que reaprender o que é comida de verdade. Alimentos de verdade são os produtos naturais, que podem ser encontrados em um texto de biologia e que normalmente fazem parte da cadeia alimentar. Refrigerantes não dão em árvore, margarina é uma invenção, e os corantes, conservantes e estabilizantes que aumentam a vida do produto não foram feitos para o nosso corpo.

Em sua observação dos costumes alimentares franceses, o médico descobriu que os franceses não comem alimentos processados, não evitam gorduras, chocolates e nem carboidratos, não tomam suplementos alimentares, não se abstêm do vinho no almoço e no jantar e não comem com pressa. Os franceses comem muito peixe, pouco açúcar, comem moderada e vagarosamente; não comem entre as refeições, e não são grandes consumidores de refrigerantes nem de frituras.

Ao adotar os hábitos franceses, ele e a mulher emagreceram onze e cinco quilos, respectivamente. Nada mal!


Closed Captions em Inglês.

Adendum: O Globo Reporter, em 2009, fez um programa excelente sobre o assunto: França: a busca da comida perdida

Vale a pena saber mais!